AS BORBOLETAS NAS BRs( CRÔNICA DO DIA E DA NOITE)

As BRs estão tomadas por borboletas amarelas. Elas voam sem muita consciência do destino a prosseguir e muitas vezes são completamente conduzidas pela força do vento. Com as primeiras chuvas que caíram no sertão e pintaram de verde o cinza da caatinga, brotaram também borboletas. De todo tipo, variadas espécies. Elas surgem de todos os lados. Saem da mata e sobrevoam os acostamentos das rodovias. Arriscam-se atravessando de um lado para o outro àquelas vias movimentadas. Conseguem, muito mais por um milagre do que mesmo por competência delas próprias que aparentemente não tem destino certo. O comum mesmo é serem violentamente atropeladas por carros de passeios, ônibus carregados e caminhões pesando toneladas. Seu frágil corpinho gosmento se desmancha todo ao se chocar com os para-brisas dos veículos em movimento e em questão de segundos, aquele sobrevoo acaba em tragédia. De acordo com os pesquisadores que estudam esses insetos, as borboletas têm vida curta e dividida em fases. Na primeira fase, temos o avo que logo se transforma em larva ou lagarta. Nesse período elas se alimentam ferozmente para criar reservas alimentícias e entrar na penúltima fase da vida, a do casulo. Para tal as lagartas dependuram-se em folhas, caules, fios de arame… por um par de falsas pernas, de cabeça para baixo, assim que a pele de suas costas se abre, a larva se sacode e surge uma borboleta propriamente dita. As adultas vivem das reservas acumuladas antes e complementam sua dieta absorvendo o néctar das flores e os sucos das frutas. A fase adulta pode durar de duas semanas a três meses dependendo da espécie. O que era um inseto destruidor de arvores e plantações, agora perambula em sobrevoos por aí. Auxiliando na polinização das flores, consumindo o néctar e embelezando a natureza. Mas pensando bem, as borboletas não voam, elas bailam no ar ao ritmo do vento. É a força do vento quem sopra aqueles insetos coloridos para lá e para cá. Além de ter uma vida curta, seus dias ainda podem ser abreviados por alguma ave faminta que captura aquela “lagarta voadora” no próprio ar. A vida de borboleta não é muito diferente da nossa. Depende de sorte, luta e resistência. Diz uma frase atribuída a Nelson Rodrigues “com sorte você vai a Roma, mas sem sorte você não atravessa nem a rua”. Com as borboletas parece ser assim: muitas não têm a sorte de atravessar a BR porque são atropeladas por carros em movimentos, outras tantas são capturadas por aves predadoras de insetos… mas, mesmo assim, elas não deixam de arriscar, de lutar e de espalhar cor e beleza por aí. Nas flores do seu quintal, nas matas e serras distantes ou às margens das rodovias. Viva as borboletas, viva leve como uma borboleta. Jurani Clementino Campina Grande – 07 de fevereiro de 2022

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